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Setor pesqueiro contabiliza primeiros prejuízos com taxação dos EUA
O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% todos os produtos brasileiros já causa prejuízo ao setor da pesca extrativista. Mesmo antes de 1º de agosto, data anunciada para o início da nova taxação, o setor já contabiliza perdas. Apenas uma das empresas de Itajaí que tem como foco a exportação cancelou o carregamento de 12 contêineres. Para um deles, que chegará ao destino depois de 1º de agosto, o valor da tarifa ficou em metade do valor da mercadoria. Com o mercado da União Europeia fechado para o Brasil desde 2018, os Estados Unidos se consolidaram como o principal mercado das exportações de pescados. O país representa hoje mais de 56% das vendas brasileiras ao exterior. Na avaliação do presidente do SINDIPI, Agnaldo Hilton dos Santos, a revisão da medida e a abertura de novos mercados são urgentes.
De acordo com dados da Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior, em 2024 Santa Catarina exportou cerca de 40 milhões de dólares em pescado. Desse montante, cerca de 13 milhões de dólares foram para os Estados Unidos. “Ou seja, um mercado que representa mais de 33% das exportações catarinenses não pode ser ignorado”, alerta o presidente do SINDIPI, que é hoje o maior sindicato patronal de pesca da América Latina.
De acordo com o consultor Wilson Santos, ainda não é possível saber com precisão o efeito que a nova taxação dos Estados Unidos pode resultar. No entanto, a medida é um duro golpe para a pesca e a aquicultura. Entre os pescados mais impactados, destaque para dois recursos que são foco da frota catarinense: Corvina e Meca. No ano passado, 66% de toda a corvina exportada pelo Brasil teve como destino os Estados Unidos. Já a Meca, 100% das exportações foram para os EUA. “Isso reforça a importância de termos novos mercados consolidados”, frisa Agnaldo.
Hoje, além de fomentar o mercado nacional, as alternativas para o setor são Ásia e África. “Acredito que temos de abrir novos mercados e reduzir barreiras comerciais, reforçando as relações comerciais com o Oriente Médio, o Sul Asiático, o continente Africano e a América do Sul”, reforça a assessora da indústria do SINDIPI, a engenheira de alimentos Geraldine Coelho.
Nesta segunda-feira (14) o SINDIPI encaminhou ofício ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ao Palácio do Planalto, reforçando a importância do mercado estadunidense para a pesca brasileira e solicitando os esforços para solução do impasse, assim como a abertura de novos mercados para o pescado brasileiro.